O Bar, a Igreja e Eu...

Certo dia estava meditando em um ditado popularmente conhecido:
“-O que mais tem nesse país são bares e igrejas...”.
Confesso que não deixei de notar que o ditado era preciso. Por onde quer que andasse lá estava um templo seguido de um bar. Algumas vezes até vizinhos. O bar tocando forró bem alto, enquanto seus clientes um tanto quanto alterados gritavam:
“-TRUCO!”
A igreja por sua vez cantava louvores bem pentecostais com um volume similar, enquanto os fiéis gritavam:
“-Aleluia, glória a Deus... Queima ele Jesus...”.
O time da cachaça se defende dizendo que não há nenhum problema em tomar umazinha de vez em quando e jogar com os amigos. Dizem também que se Deus deixou tudo isso na terra é para que desfrutem.
A igreja por sua vez diz que está fazendo a obra de Deus e que através de seus cultos e devoção muitas vidas serão libertas. Que o galardão deles não é nesta terra.
Alguns fiéis ficam em cima do muro, já que são simpatizantes da loira gelada. Costumam dizer que não há mal algum em tomar uma no final de semana, já que não ficam bêbados. E acima de tudo são fiéis e Deus entende suas fraquezas.
Esse muro também costuma ser muito grande, porque alguns clientes dos bares costumam ficar pendurados nele, alegando que realmente a igreja é muito importante, melhor ela ali, porque caso o arrependimento venha já estão pertinho dela. Alguns já não pensam assim, mas acham importante a igreja para que se algum perdido quiser achar a Deus, tem uma porta para ele.
A grande maioria simplesmente não tolera um ao outro.
Alguns líderes costumam dizer que quanto mais igrejas tiverem melhor será, porque assim existirão menos bares. E até gostam de locar estabelecimentos que antes acomodavam os clientes “altos”. Dizem que isso é profético.
No decorrer dessa história, muitos bares vão se abrindo, fechando alguns, assim como as igrejas. Mas o interessante é que sempre existirá um bar e uma igreja esperando você. No final das contas, são duas instituições disputando clientes.
Bom, Eu não poderia deixar de ser um cliente em potencial de uma delas. Então como qualquer um, procuro avalia-las.
Vejamos:
A Igreja:
Eu tenho um problema quando vou até ela, por mais que não admita.
Estou à procura de solução rápida e permanente.
Geralmente choro, porque estou muito emocionado.
Saio empolgado e eufórico, na esperança que tudo já está resolvido.
Chego em casa e nada mudou. Todos me ignoram e se afastam. Então eu até tento me concentrar em tudo que foi dito, mas em pouco tempo a emoção passa e volto ao mesmo lugar.
O Bar:
Eu também tenho um problema quando vou até lá, por mais que não admita.
Estou à procura de solução rápida e permanente.
Geralmente não falo muito, porque estou muito emocionado.
Bebo bastante e dou muitas risadas com alguns colegas de caneco.
Saio empolgado e eufórico, achando o mundo lindo.
Chego em casa e nada mudou. Todos me ignoram e se afastam. Então eu até tento me controlar, mas em pouco tempo estou sóbrio e volto ao mesmo lugar.

No final da minha análise, percebo que tanto a igreja como o bar, me proporcionaram momentos felizes e de emoção, mas que não me proporcionaram uma transformação de vida.
Paul Washer em uma de suas abençoadas ministrações adverte:
“Se eu chegasse aqui neste culto atrasado, dizendo que o motivo foi porque fui atropelado por um caminhão de duas toneladas, você me diria duas coisas. Ou que sou louco, ou que estou mentindo. Porque não tem como uma pessoa ser atingida por caminhão de duas toneladas e permanecer intacta.
Da mesma forma não tem como eu ter um encontro com Deus, que é muito maior que um caminhão de duas toneladas e permanecer da mesma forma.”.

Amados, tanto na Igreja, como no bar, eu entro na ansiedade de apagar meus problemas. Bebo algo, ou ouço algo, e fico emocionado, ou embebedado. E me sinto tão bem que acredito que tudo está diferente, mas ao sair de lá percebo que a minha vida continua da mesma forma, porque simplesmente não passou de uma espécie de êxtase. Não tive um encontro real com Deus, mas uma emoção barata que logo irá passar e tudo voltará ao seu lugar.
Quando temos um verdadeiro encontro com Deus não ficamos emocionados, mas arrependidos. Não geramos expectativas, mas frutos de arrependimento. Não mudamos
O mundo, mas ele não é mais nosso proprietário. Não escapamos das lutas, mas temos a paz que excede todo entendimento. Não deixamos à batalha, mas a vitória é certa. Não andamos segundo nossas vontades e desejos, mas sob a soberania de Cristo. Não andamos mais sós, mas inteiramente entendidos e preenchidos pelo Espírito Santo.
No final de tudo estamos iguais aos nossos concorrentes, os bares. Embebedando a muitos, gerando falsas expectativas e os entulhando em poços mais profundos. Queremos fechar suas portas para que as nossas permaneçam abertas, porém não enxergamos que o nosso produto é o mesmo.

Igreja pare o show e gere transformação!
Parem de lutar por clientes e chorem por almas!

Que Deus nos perdoe.

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