Chamados ao Deserto














Mateus 11:11


Atualmente muito tem se dito a respeito de chamado... Dizemos:
“Eu tenho um chamado! Ele vai chegar.”


Alguns mais “ousados” dizem que já estão vivendo esse chamado.
Afinal de contas, o que é chamado e para que Deus te chamou?

Realmente temos um chamado desde o ventre das nossas mães...
“Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe... Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” – Salmos 139:13 e 16.


Pensar que existe um propósito para as nossas vidas é totalmente respaldado pela palavra de Deus. Agora o que muitos fazem é seguir o seu próprio chamado.
A maioria imita grandes homens de fama dos nossos dias e outros em seus lideres diretos e com isso prospectam seus chamados.

O que vemos pouco são homens dispostos a ouvirem a voz de Deus e perguntarem a Ele:
“Pai, qual o teu chamado pra minha vida? Quais são os teus propósitos pra mim?”


Deus não chamou nenhum homem a fazer e desenvolver o mesmo chamado que outro. Cada homem chamado por Ele estava inserido em seu tempo, em sua sociedade, em sua realidade espiritual e em sua disposição. Então porque insistimos em fazermos as mesmas coisas e repetirmos as mesmas histórias como papagaios sem entendimento?
A primeira coisa que um homem precisa fazer para descobrir seu chamado é conhecer a vontade de Deus. E para conhecer Sua vontade, necessariamente precisará gastar muito tempo em Sua presença, conhecendo Seus planos e Seu tempo.
Gastamos horas escutando homens e suas auto-afirmações. Ouvimos atentamente seus logros tão espetaculares e esquecemos que Deus não nos chamou a sermos uma copia, mas como seres únicos e unicamente capacitados para um propósito maior.
Então se pedirmos a Deus que Ele nos revele Seu propósito único para nossas vidas, agora precisaremos aprender a pagar o preço por esse chamado. E é isso que nos faz valorizar o que conquistamos.

Deus prometeu uma terra que emana leite e mel para o Seu povo, mas tiveram que vencer os gigantes para possuí-la. E por quê? Simples... Porque o Senhor sempre nos ensina a pagarmos um preço pelas nossas conquistas nEle. Quando não nos esforçamos para conquistarmos, não valorizamos a vitória. Por isso ordena a Josué:

“Não te mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde quer que andardes.” Josué 1:9


E nesse ponto entenderemos um chamado, entre tantos, com um preço bastante alto.
Eu creio que muitas vezes ao lermos a Bíblia e meditarmos em alguns valentes de Deus, esquecemos ou não levamos em conta todo o cenário que foi necessário para esses chamados e a concretização dos propósitos de Deus para esses homens.
Somos bastante poéticos e até mesmo imaginativos ao lermos a Palavra de Deus, mas poucas vezes, realistas.

Falaremos do maior profeta entre todos... João Batista.


Resumidamente João Batista vinha da tribo de Levi. Seu pai se chamava Zacarias e era sacerdote no templo.
Nessa época existiam cerca de 24.000 sacerdotes e eram divididos em mais de 20 turmas de aproximadamente 1.000 sacerdotes. Cada turma servia uma semana no templo e era lançada sorte para ver qual deles entraria no lugar santo. A maior parte dos sacerdotes tinha essa oportunidade apenas uma vez em toda a sua vida. Outros nunca chegaram a ter esse privilegio.
Zacarias era casado com Isabel (prima de Maria, mãe de Jesus), ambos eram avançados em idade e não tinham filhos. Isso aos olhos dos judeus era como uma maldição. O que não era o caso desse casal, que tinham uma vida reta diante de Deus.
Então na semana que cabia a Zacarias servir no templo, lançaram sorte e ela caiu sobre ele. E enquanto queimava incenso a Deus, o anjo Gabriel lhe apareceu e lhe anunciou que Isabel teria um filho e esse seria chamado João. Ele não tomaria bebida forte ou vinho e seria grande diante de Deus e a adiante dele iria o espírito de Elias convertendo o coração dos pais aos filhos, e dos desobedientes à prudência dos justos e habilitaria um povo para o Senhor.
Zacarias duvidou e ficou mudo ate o nascimento do menino. E João Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe.

Muitas vezes quando escutamos que João Batista foi o segundo Elias pensamos... Como pode ser? Ele não fez fogo descer do céu, não fez chover e nem parar de chover, não ressuscitou ninguém, não abriu o Jordão e tão pouco foi levado ao céu por um redemoinho. Como ele pode ser comparado a Elias?
Como dissemos antes, por mais que Deus tenha propósitos e objetivos parecidos, Ele sempre vai te usar de maneira única. Para esse tempo não era necessário esses sinais de Elias, mas sim a conversão do povo a Deus, assim como ele fez diante dos profetas de Baal e de Aserá. Para que todos se arrependessem dos seus cultos pagãos e de sua idolatria.(1° Reis 18)

Mas o que queremos aprender com a vida de João Batista é o preço do seu chamado.
Com linhagem sacerdotal e de uma família tão admirada, ele poderia viver no templo e servir como seu pai. Poderia crescer em meio às honras e reconhecimento de todos os homens daquela geração. Poderia comer os melhores manjares e usar as melhores roupas. Ser honrado pelas ruas por onde passasse e ser amado pelos fariseus, escribas e saduceus.
Essa seria a conclusão lógica de um filho de sacerdote. Afinal muitos queriam ter esse privilegio... O próprio Davi ao escrever o Salmo 84 diz:
“Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil em outra parte. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas da perversidade.” - vers.10


Havia uma religião institucionalizada, preparada e capacitada para amparar e respaldar seus sacerdotes. Havia um sistema pronto para aqueles que quisessem servir a Deus.
Para a sociedade um homem considerado grande, é aquele que é respeitado, considerado e aplaudido. Aquele que supre as expectativas dessa sociedade. Mas Deus esta sempre confundindo nossa sociedade...
Então chama João Batista para ser grande... Não pelas referencias humanas, mas para Ele:
“Pois ele será grande diante do Senhor;” – Lucas 1:15a


Será que estamos dispostos a sermos grandes diante do SENHOR?
Se sua resposta foi sim, seja bem vindo ao deserto.
“O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até o dia em que havia de manifestar-se a Israel.” Lucas 1:80


Realmente dedicar uma vida a seu filho, foi o que Zacarias teve que fazer. A Palavra não deixa isso claro, mas para que João crescesse nos desertos, é bem provável que Zacarias também estava aí com Isabel. O chamado de João mudou completamente a vida dessa família. Do glamour das festas cerimoniais e respeito de toda uma sociedade a um total esquecimento.
Deserto é um lugar de pouca vida, onde não existem vizinhos, parentes, amigos ou badalação. Deserto é lugar de solidão, de renuncias, de reflexão e de chamado.
Já parou para pensar que talvez seu chamado seja no deserto?
E se Deus quer levantar nesses últimos dias uma geração chamada ao deserto?
E quando falo isso, não quero que você vá viver no Saara, mas sim que você entenda que viver no deserto em nosso tempo implica na perda dos títulos, dos aplausos, dos tapinhas nas costas, das honras, do reconhecimento, dos convites especiais, das cadeiras acolchoadas, das plataformas e da aprovação dos homens. Significa menos do nosso ego, nos nossos conceitos e das nossas guerras pela razão. Significa anular-nos em nome do nosso Deus.
“Convém que Ele cresça e eu diminua.” – João 3:30


Talvez o chamado de muitos de nós não seja nas “sinagogas”, no “lugar santo”, nas cerimônias ou nos holofotes.
Talvez não seja no centro político, social ou religioso. Talvez seja longe de tudo e de todos. E muito perto de Deus. Mas quem quer um chamado assim?
Quem está interessado em saber o que Deus quer?

Será que estamos dispostos a deixarmos as comidas de nossos buffets?
Será que queremos deixar nossos ternos Armani e nossas bolsas Calvin Klein?
Será que realmente estamos dispostos a pagar o preço de um chamado?
Será que queremos o chamado de Deus, ou os nossos objetivos abençoados por Ele?
“Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno dos lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.” – Mateus 3:4


Estar debaixo do chamado de Deus implica em fazer tão somente a Sua vontade.
Isso não quer dizer que você foi chamado ao deserto, mas quer dizer que você pode ter sido chamado. A pergunta é... Você estaria disposto a viver no deserto para cumprir o chamado de Deus em sua vida?

Levar 30 anos esperando seu chamado e terminá-lo em 6 meses?
Ser tido como louco e odiado pelos lideres do seu tempo?
Porque a grandeza de Deus felizmente esta oposta a do homem:
“E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior. Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou uma criança, pô-la junto de si, e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que receber a mim, recebe aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.” – Lucas 9:46-48


Não quero que você se convença por esse chamado, quero que os chamados a ele entendam e correspondam.

“Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é menor no reino dos céus é maior do que ele.” – Mateus 11:11.

Que tremendo. Chamado ao deserto, decapitado por Herodes, considerado o menor pelos homens, o maior por Jesus, menor entre os moradores do céu e conseqüentemente grande, porque foi o menor.
Se realmente queremos a volta de Jesus e um grande avivamento sobre a terra, necessitamos de uma geração chamada ao deserto.


Que a sabedoria, graça e o amor do nosso Deus abram nossas mentes e nos ensine a ouvir a doce voz do Senhor.


Shalom Adonai.

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